O último número do circo
Destinado...ao palhaço
Soou... a hora, que atraso...
E o palhaço... esqueceu?
O empresário... enfurecido
Com bruscas palavras grita:
- Levanta-te, e sai a andar...
Não te faças entorpecido
O palhaço, já vestido
Com roupas maltrapilhas,
mui doente e cansado...
Interpela... amedrontado
- Como fazer rir a platéia
Se meu peito arde e anseia
O coração já não aguenta
Estou velho, a morte espreita?
- Tu? Velho palhaço...
Vais andando depressa
Se queres pão e agasalho
Ou então, desapareça...
Entra o palhaço em cena
Cambaleante, tropeça e cai...
A criançada ri... ri... que graça
Julgando ser palhaçada
O velho, levanta e senta
Num tosco banco, lamenta
- Oh! Deus que brincadeira
Não me deixes, com tremedeira
Compreendam meu embaraço
Hoje, é o último espetáculo
O coração está sendo obstáculo
E, novamente... vai ao chão
Os garotos riem... aplaudem
Não compreendo... a fraude
Mas, com esforço se ergue
Entre dentes, agradece...
- Obrigado... meus amigos
Eu aproveito e convido
Voltem todos óh petizada!
Que amanhã... é de graça
Jazia... com voz embargada
Terminando, a palhaçada
As crianças... não entenderam
O seu adeus... derradeiro